O coronavírus foi responsável por uma grande injeção de crescimento na indústria farmacêutica, que registrou excelente desempenho e saltou aos olhos entre as 500 maiores do mercado pela Standard & Poors. No Brasil, a indústria farmacêutica já crescia em um ritmo bom e em 2021 flerta com a 5ª posição no ranking global, mesmo diante das dificuldades econômicas locais.
A mudança abrupta que passamos nos últimos seis meses pode ter sensibilizado o brasileiro em suas reflexões sobre o aumento da expectativa de vida, mas por outro lado trouxe a certeza do maior cuidado com a saúde. E nessa linha de pensamento, passa a via dos laboratórios farmacêuticos e seus canais de distribuição.
Com os avanços tecnológicos, pesquisa e desenvolvimento, crescimento no mercado de genéricos e mudanças de hábitos de compras em farmácias do consumidor, a indústria farmacêutica também precisou mudar, de forma acelerada. Porém alguns assuntos em pauta na operação, não deixam de existir, muito pelo contrário, exigem ainda mais atenção.
Para se ter uma ideia, durante o Fórum Virtual sobre Cenário e Perspectivas do Mercado Farmacêutico deste ano, foi informado que no Brasil o setor aumentou a sua participação do mercado de distribuição de 62,8% de market share, para 64,4% (4 bilhões de unidades), ou seja, 18% do varejo nacional. Se olharmos a cadeia produtiva como um todo, isso envolve um cenário bem mais amplo que vai da Rastreabilidade, Utilização excessiva de papéis, Gestão de documentos e Avaliação de Indicadores até outros tópicos não menos importantes.
Crescer rápido exige análises ágeis na gestão operacional, caso contrário, os prejuízos surgirão na mesma proporção. Um levantamento realizado pela IQVIA apontou que o Brasil já conta com 80 mil farmácias, contabilizando um ponto de venda para cada 2.700 habitantes. Imagine encadear produção e logística de forma harmoniosa, sem lacunas e com eficiência.
Agora vamos analisar o impacto da mudança de comportamento do consumidor neste momento singular em que vivemos. Na visão da Associação Brasileira de Distribuição e Logística de Produtos Farmacêuticos (Abradilan) alguns produtos que eram importantes passam a não ser mais e os que eram menos importantes, passam a ser muito importantes. Farmácias de bairro ganharam relevância porque as pessoas buscaram as lojas mais próximas de suas residências. Em contrapartida, lojas de shopping e grandes centros, no período mais severo do isolamento social, perderam relevância pois ficaram fechadas por algum tempo.
E agora? Como repensar a operação da indústria farmacêutica pelo prisma do impacto nos hábitos de quem compra? O fluxo de caixa e estoque nunca saíram do protagonismo neste setor, porém o exercício de cenário ganhou novos tons, talvez nunca antes vistos.
Sempre haverá espaço para um negócio buscar mais índices de redução de custos, aumento de produtividade, mudança cultural da equipe no sentido de enfrentar os novos desafios. E nesse momento, uma ajuda externa será sempre bem-vinda. Pense nisso!
Francisco Loureiro
Presidente da Proudfoot Brasil