O cenário de tensões geopolíticas, de escassez e instabilidade em preços de setores estratégicos ainda assombra as nações, paralisa investidores e executivos. Entramos em 2023 com uma economia global fragilizada devido à guerra entre a Rússia e a Ucrânia, e uma previsão de produção perdida, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), na casa dos trilhões. No fim do ano passado, segundo o Trust Barometer, o otimismo econômico esteve em colapso no mundo todo. Na América Latina, vimos as maiores quedas na confiança na economia, e uma forte preocupação com a taxa de emprego e a inflação.
Agora, em agosto de 2023, economistas, especialistas no mercado financeiro e o próprio Banco Central têm dado indícios de relativa estabilidade e previsão de melhora para o Brasil, com uma inflação para 2025 próxima da meta, e uma taxa SELIC com queda de 50 pontos base. Como novidade, o lançamento de uma nova moeda, o DREX, que facilitará transações digitais no país.
A tensão entre os Estados Unidos e a China ainda é uma incógnita. Embora as suas lideranças políticas deixem aparentemente claras suas intenções, o jogo das relações internacionais é complexo e tememos um enfrentamento direto entre as duas maiores economias do mundo. Enquanto a China comemora sua recente abertura de mercado e a retomada de cadeias produtivas – o que atua como uma espécie de força deflacionária –, tem de lidar com o alto desemprego e as novas proibições do governo americano para certos investimentos em tecnologias chinesas.
Vê o quão sutil e delicado é estar refém de uma série de variáveis econômicas, jogos de poder e interesses? Isso, sem falar do próprio ambiente de negócios, altamente dependente da segurança jurídica, e que, hoje, acompanha os desafios de uma Reforma Tributária no Brasil.
Nesses anos de atuação no meio corporativo e consultivo, observando e analisando algumas das maiores empresas nacionais e internacionais, aprendi que gestão de riscos se resume em três palavras: antecipar, adaptar e agir. Ou seja, antecipar as adversidades, adaptar-se aos cenários e agir com velocidade. Por isso, é preciso que os executivos estejam atentos e sejam resilientes.
No ambiente empresarial de hoje, uma gestão de riscos eficaz permite que as empresas protejam seus ativos, sua reputação e, principalmente, seu futuro. Por ora, enquanto as incertezas parecem ser a única certeza, ter um plano robusto de gerenciamento de riscos é uma salvaguarda. Isso não só protege contra perdas financeiras, mas também garante que sua empresa esteja preparada para capitalizar oportunidades que surgem mesmo em tempos de crise.
Precisamos ver a gestão de riscos muito além de um custo, enxergar como um investimento na longevidade e prosperidade de um negócio. O Brasil, assim como as demais economias, sempre exigirá das empresas uma capacidade refinada de previsão, adaptação e ação. E a gestão de riscos é a bússola que nos permitirá navegar adequadamente nessas águas turbulentas.
Ricardo Costa
VP Sênior na Proudfoot Brasil