A pandemia da covid-19 ocasionou uma crise sem precedentes na economia global, afetando de forma relevante as transações de diversos setores. Sofreram grande impacto às operações de mercado de capitais de dívida, que incluem ofertas de debêntures, notas promissórias, títulos incentivados, letras financeiras, bem como as operações implementadas no mercado externo (através de emissões de bonds e notes).
Neste momento, grandes marcas estão realizando a revisão dos “Covenants das operações”, uma análise das obrigações impostas pelos documentos da operação de dívida e, principalmente, das obrigações de caráter financeiro (pagamentos devidos, cumprimento de financial Covenants).
Em situações como esta, diferentes caminhos podem ser seguidos. É possível, por exemplo, que alguns credores posterguem os pagamentos de parcelas ou simplesmente não perdoem, aplicando assim algum tipo de “punição” (Ex: pagamento de um prêmio e/ou aumento na taxa de juros). Em crises, pode ocorrer, em alguma medida, a transferência de valor do acionista para o credor. Neste caso, a empresa suspende dividendos, recompras e tenta focar em manter o fluxo de pagamento das dívidas em dia. Caso isso não seja cumprido, paga um prêmio ao credor.
Um dos indicadores relevantes para não tirar do radar é o indicador EBTIDA (Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization), entre os principais covenants. Este indicador também é um dos mais utilizados para avaliação de desempenho tanto de empresas quanto de gestores.
Para evitar uma situação de insolvência, as empresas que não cumprirem cláusulas de Covenants devem pedir sua revisão ou suspensão por algum período, processo dependente de ampla negociação com credores e chamado de Waiver. Assim, é fundamental a proposição de um plano de gestão de crise, contemplando a melhoria na produtividade, eficiência nos processos operacionais, revisão das despesas gerais e administrativas e transformação digital.
Estamos falando aqui de uma estratégia que precisa ser muito bem-sucedida e que envolverá tanto o planejamento estratégico quanto os planos de operação anual. Aqui nada pode gerar consequências inesperadas, pois a empresa deve evitar o descumprimento das regras contratuais.
É um assunto que merece um diagnóstico da situação operacional atual com muita seriedade e profundidade, para validar e determinar o cronograma do “business case” e retorno a ser adquirido com o programa de melhoria ou transformação.
Caso o seu negócio encontre-se nesta situação, converse conosco e saiba como podemos ajudá-lo no caminho da retomada.
Daniel Assis
Presidente da Proudfoot Brasil