Neste exato momento, você deve estar tentando encontrar para a sua empresa algumas estratégias para enfrentar esta crise que chegou de forma inesperada e assolou o mundo. O contexto ficou mais dramático porque afetou a sociedade, sua família, amigos, colaboradores e parceiros, simultaneamente.
Impactou também, neste mesmo período, seu modelo de trabalho, já que a recomendação de ficar em casa trouxe uma nova realidade até para quem estava acostumado com o home office. Exercendo a empatia, constatamos que há profissionais sem estrutura, conhecimento e até mesmo habilidades para produzirem os resultados no ambiente domiciliar.
De fato, esta é a hora em que, conforme nosso manifesto, todos os profissionais precisam se solidarizar e unir forças numa única direção, munidos de esperança e determinação. Refletindo sobre as turbulências do mercado em alguns dos piores períodos de desespero no mundo e posteriormente de recuperação, encontramos:
CRISE DE 1929
Causa – Após o período da Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos encontraram o caminho da prosperidade econômica; por outro lado, a Europa enfrentava a curva negativa. Alguns anos depois, a Europa mudou a seta, melhorando mercados consumidores e passando a comprar em menor volume dos norte-americanos. Com os estoques em alta e os preços em queda, várias empresas faliram. A superprodução desencadeou a queda das ações da Bolsa de Valores de Nova York.
Efeito – O PIB mundial caiu 15%. Nos três anos seguintes, os EUA enfrentaram um encolhimento de 46% na produção industrial. O desemprego afetou 25% da população. O protecionismo infectou os principais parceiros europeus. Todos os países envolvidos perderam.
Recuperação – Ocorreu cerca de três anos depois. Nos EUA, foram adotadas medidas de não intervenção do governo na economia, apoio aos trabalhadores, criação de seguro-desemprego e uma calibragem no controle das produções agrícola e industrial, de acordo com os níveis de consumo da população. O PIB melhorou, mas o desemprego continuou forte.
CRISE MUNDIAL DE 2008
Causa – Nos EUA, os juros estavam baixos e o crédito sorria abundante no mercado local. Conseguir dinheiro a baixas taxas estava fácil, mas via hipoteca de imóveis. No entanto, grande parte da população passou a usar o crédito para investir em outros imóveis, assumindo um alto risco, pois muitos não tinham condições de honrar dívidas.
Numa cadeia de oportunidades, os próprios bancos de investimentos negociavam essas dívidas com classificação “segura”, como se fossem de baixo risco. O estopim de todo o cenário foi o crescimento da inflação do país e, como consequência, o governo aumentou a taxa de juros, desacelerando a economia e desvalorizando os imóveis.
Efeito – O banco Lehman Brothers faliu. O dinheiro do contribuinte evitou o mesmo destino para algumas das maiores companhias do mundo, como as montadoras General Motors e Chrysler. O plano de socorro do governo exigiu a injeção de US$ 700 bilhões. Os governos dos países desenvolvidos ampliaram os investimentos e os bancos centrais reduziram juros para incentivar a atividade econômica, no sentido de evitar uma catástrofe ainda maior.
Recuperação – Nos anos seguintes, os Estados Unidos iniciaram um processo de retirada dos estímulos implantados naquele período. O dólar ficou mais forte e a economia cresceu. A Europa também se recuperou.
CRISE ECONÔMICA BRASILEIRA 2014/16
Causa – No período de 2014 a 2016, o Brasil enfrentou uma das piores recessões da história. O PIB recuou 3,6% em 2016 (IBGE). Pela primeira vez, todos os setores se contraíram. Em 2015, a economia já tinha recuado 3,8% e passado por um pífio 0,5% em 2014. Um dos principais fatores ainda foi a consequência da crise global de 2008. O Brasil tinha um papel importante como grande exportador de commodities, cujos preços eram determinados no mercado internacional. A crise derrubou o valor dos produtos nesta categoria, o que afetou diretamente as exportações brasileiras.
Efeito – >Nesse período, o setor que mais sofreu no Brasil foi a indústria, com situações obrigatórias de demissões em massa. O desemprego aumentou, chegando à taxa de 13,7% em 2017, e a capacidade de consumo das famílias caiu, assim como os investimentos que poderiam gerar mais produção e riqueza. Vimos um impeachment, o nascimento da PEC do teto dos gastos, a reforma trabalhista, entre outros.
Recuperação – Entre 2014 e 2016, a economia brasileira colheu sucessivos déficits nas contas públicas e um aumento acelerado da dívida do país, afetando diretamente a taxa de crescimento da economia. O Brasil não registrava sucessivos anos de recessão desde a crise de 29.
CRISE ATUAL DE PANDEMIA
Causa – Pandemia de COVID-19 publicada pela OMS (Organização Mundial de Saúde) em 11 de março de 2020.
Efeito – Segundo o Ministério da Economia (Boletim Macrofiscal), o Brasil poderá enfrentar alguns desses fortes impactos:
- Redução das exportações: tendo a China como principal parceiro em consumo de commodities e considerando os riscos de contágio, o país tende a reviver o período da crise 2014-16.
- Queda no preço de commodities e piora nos termos de troca: menos exportação significa venda a preços mais baixos e aumento de insumos importados, piorando os termos de troca.
- Interrupção da cadeia produtiva de alguns setores: a paralisação da produção e do escoamento de bens intermediários chineses “pode afetar a produção de manufaturados em alguns setores”.
- Queda nos preços de ativos e piora das condições financeiras: após o forte aumento de casos da pandemia fora da China, “houve aumento na volatilidade dos mercados e na demanda por ativos de menor risco”. Segundo a Secretaria de Política Econômica, com mais incerteza e condições financeiras piores, o acesso ao crédito e investimentos de curto prazo podem ser dificultados.
Recuperação – Os analistas mais experientes não conseguem prever o que está por vir de maneira segura. Afinal, o momento é de solidariedade. No entanto também é o momento de romper com os modelos conhecidos até hoje. De nossa parte, utilizamos o nosso conhecimento e atuações práticas em todos os setores (produtos e serviços) da indústria, há mais de 70 anos para contribuir e manter os negócios #SeguindoEmFrente.
Francisco Loureiro
Presidente da Proudfoot Brasil